terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Catedral de Chartres: Gótico imperdível




Quem pensa em França, pensa normalmente em Paris e acaba por deixar passar o facto de que França será, talvez, o centro incontestado dos mais magníficos e bem preservados monumentos em território europeu. Um exemplo é a Catedral de Chartres, Património Mundial da UNESCO desde 1979 e fulgor máximo do Gótico desde uma época em que, por cá, construíamos ainda pequenos templos Românicos.
Localizada cerca de 80 quilómetros a sudoeste de Paris, em pleno Vale do Loire, logo facilmente alcançável a partir da capital, a cidade é uma conhecida meta dos peregrinos que lá se deslocam, nomeadamente para visualizarem a chamada Sancta Sanctis, supostamente a túnica que Maria terá usado aquando do nascimento de Jesus. Reza a lenda que se terá tratado de uma oferta de Charlemagne, que a teria recebido das mãos do imperador Constantino VI no decurso de uma cruzada a Jerusalém. Simplesmente, Charlemagne nunca terá posto os pés na Terra Santa! Na realidade, terá sido o imperador romano e rei da França do Oeste, a parte Oeste do império Carolíngio, Charles o Calvo, quem terá feito tal oferta à cidade.



Antes da actual, o local albergou quatro outras catedrais, todas destruídas parcial ou inteiramente por invasores ou fogos. Foi o que sucedeu em 1194. Nessa altura, temeu-se que a Sancta Sanctis tivesse desaparecido para sempre. No entanto, foi encontrada dias depois e o bispo proclamou então tratar-se de um sinal indubitável de Maria e indicação de que uma nova, maior e mais importante catedral deveria ser erigida no local. Donativos chegaram de toda a França, os locais atarefaram-se na dádiva de materiais e em 1250, tempo recorde para a época, dava-se por concluído este monumento em cruz, com 130 metros de comprimento, 32 metros de largura, 176 vitrais, um "labirinto" com cerca de 262 metros, 200 estátuas em 41 cenas no Coro e 10 875 m2. A sua preservação face a outros monumentos honrados pelo tempo é excepcional, tendo sofrido apenas alterações menores desde o século XIII.
O risco terá surgido somente aquando da Revolução Francesa... Uma multidão enfurecida terá começado a destruir a escultura do Pórtico Norte. Logo, o Comité Revolucionário decidiu fazer explodir a Catedral e terá convidado um arquitecto local para se encarregar do caso. Foi ele quem a salvou, argumentando que as pilhas de entulho resultantes inundariam as ruas e tardariam anos a serem removidas. Assim, continua a valer a pena deslumbrarmo-nos com Chartres e a sua Catedral Gótica. Esperemos que o recordem da próxima vez que visitarem esta parte do Hexágono...





Imagens de: www.europeupclose.com (Chartres à noite); www.sacred-destinations.com (plano da Catedral); http://welcometotheden.files.wordpress.com (interior da Catedral).

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