Um dos locais mais turísticos de Londres, a capital inglesa,é a Torre de Londres, construção iniciada junto ao rio Tamisa em 1078 por ordem de Guilherme o Conquistador e finalizada cerca de duzentos anos mais tarde, entre 1275 e 1285. Visita imprescindível para quem não se importar de aguardar horas nas filas intermináveis de turistas que aguardam a visita não só às diferentes secções da Torre, como ainda às Jóias da Coroa Inglesa, guardadas desde 1303 no edifício e actualmente visitáveis na Jewel House, uma câmara subterrânea.
The Tower, como também é mais simplesmente conhecida, serviu várias funções ao longo dos tempos: residência real, sede da Casa da Moeda, zoo de animais do reino e prisão, motivo pelo qual é mais famosa ou famigerada. Foi, efectivamente, usada para albergar gente de estatuto social elevado e dissidentes religiosos, os quais entravam no local através da discreta Traitors Gate, situada ao nível da água.
O primeiro prisioneiro da Torre terá sido Ranulf Flambard, bispo de Durham, que em 1100 foi acusado de corrupção, mas que logrou escapar com o auxílio de uma simples corda. Entre outros, a torre albergou gente como John Balliard, rei da Escócia, David II da Escócia, João II de França, Carlos I de Valois, duque de Orleães, o qual terá composto cerca de 500 poemas durante o seu encarceramento, Henrique VI de Inglaterra, assassinado a 21 de Maio de 1471 e a sua esposa, Margarida de Anjou, Sir William de la Pole, aprisionado de 1502 a 1539, que assim se tornou o recordista de permanência no local, Elizabeth I de Inglaterra, apenas por dois meses, devido a um alegado envolvimento com Thomas Wyatt (filho), Sir Walter Raleigh, que durante os 13 anos que lá passou redigiu The History of The World, o conhecido conspirador Guy Fawkes, depois enforcado e esquartejado no Pátio Velho do Palácio de Westminster, Sir Francis Bacon, acusado de corrupção, e ainda o líder nazi Rudolf Hess, em Maio de 1941, por um período de quatro dias. Os últimos prisioneiros da Torre foram os irmãos Kray, em 1952, por deserção do exército.
Mas muita gente de renome conheceu a morte por execução na própria torre, nomeadamente na secção que dá pelo nome de Bloody Tower, incluindo William Hastings, Thomas More, Ana Bolena, Margaret Pole, Catherine Howard, Joana Bolena, Joana Grey e Robert Devereux, além de dois príncipes herdeiros, mandados prender e executar pelo que viria a ser o tristemente famoso Ricardo III, descrito de modo consideravelmente negativo na peça homónima de William Shakespeare.
É por isso que os mais ousados se poderão aventurar à descoberta dos inúmeros fantasmas que se afirma habitarem a torre, começando por Ana Bolena, provavelmente o mais famoso de todos, que se diz passear com a cabeça decapitada debaixo do braço em torno da Torre ou ainda comandando uma procissão de espíritos de lordes e ladies.
Se Thomas Becket terá sido o primeiro fantasma a dar sinal de si durante a história da Torre, os relatos abundam, cada um mais tenebroso que o anterior... Sir Walter Raleigh é visto com um aspecto precisamente similar ao que se pode visualizar no retrato que dele guarda a Bloody Tower. A condessa de Salisbury, executada aos 70 anos de idade em consequência de motivações políticas e por ordem de Henrique VIII, ter-se-á recusado a pousar a cabeça no cepo como uma vulgar criminosa e fugido, perseguida pelo carrasco que a terá finalmente conseguido decapitar em parcelas e de forma, imagina-se, muito atabalhoada. Parece que a cena se repete mais do que ocasionalmente no local... Mas recordemos o facto de o edifício ter, em tempos, albergado um zoo e não nos fiquemos por aparições antropomórficas: em Janeiro de 1815, rezam as crónicas, um guarda que se deparou com um enorme urso ectoplásmico foi encontrado inconsciente, tendo vindo a morrer dois meses mais tarde - de susto! De resto, são incontáveis os relatos de gente que se depara com procissões funerárias ou ainda com uma lady de rosto coberto por um véu, sob o qual, em lugar de um rosto, nada mais há do que um assustador vazio negro.
Para concluir, os corvos são tradicionalmente considerados um prenúncio de morte. Pois a Torre de Londres possui a sua própria colónia de corvos, protegidos por um Decreto Real. Afirma-se que, quando estas aves abandonarem a Torre, o império cairá definitivamente. Um conselho, pois: da próxima vez que forem a Londres, visitem a Torre. É que nunca se sabe quando se poderá abater uma nova epidemia de gripe das aves e então...
Imagem de: http://tower-of-london-and-crown-jewels.visit-london-england.com/.