terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O Muro da Vergonha em Berlim

Soldados da RDA construindo o Muro de Berlim


No final da Segunda Guerra Mundial, Berlim, a capital do Terceiro Reich, foi administrativamente dividida em quatro sectores, de modo a satisfazer as diferentes potências ocupantes: um sector pertencente aos Estados Unidos, um ao Reino Unido, um a França e um quarto à União Soviética. Em princípio, as potências deveriam unir esforços para a reconstrução da cidade e a implantação de uma nova Alemanha de contornos democráticos. Rapidamente, no entanto, surgiram desacordos, nomeadamente com a recusa da URSS em participar nos planos de reconstrução e ainda de fornecer dados contabilísticos relativos a fábricas, materiais e infraestruturas que já se encontravam nas suas mãos. Simultaneamente, a URSS dedicava-se à criação de uma barreira protectora de países "satélites" que incluiam a Polónia, a Hungria e a Checoslováquia, entre muitos outros. Em 1948, inclusive, possivelmente já com o fito da criação da República Democrática Alemã (RDA), um estado ligado ao poderio soviético, Moscovo impôs um bloqueio a Berlim Ocidental, o que obrigou um grupo de vários países a sobrevoar Berlim para fornecer alimentos à população.
A 7 de Outubro de 1949 nascia, enfim, a RDA e a Alemanha era oficialmente dividida em duas. Através de um acordo secreto, o governo local possuía autoridade administrativa, mas não autonomia, o que permitiu à URSS infiltrar-se em todos os sectores estratégicos do país. Entretanto, começava a verificar-se o crescimento económico da República Federal Alemã (RFA), Alemanha capitalista a Ocidente, face à degradação na vida dos cidadãos do lado socialista. Por isso, muitos quiseram mudar de lado: 187 mil em 1950, 165 mil em 1951, 182 mil em 1952, 331 mil em 1953, provavelmente em resultado do endurecimento do regime sob a égide do líder soviético Staline. Em 1961, 3,5 milhões de alemães de Leste cruzaram a fronteira, o que equivalia não só a cerca de 20% da população, como ainda a população culta e efectivamente preparada. As autoridades não podiam deixar de se sentir preocupadas.
Apesar dos rumores do encerramento total de fronteiras e do secretário-geral do Partido Comunista da RDA ter declarado, numa conferência de imprensa internacional realizada a 15 de Junho de 1961, que "ninguém pretendia construir um muro", o líder soviético Nikita Kruschev decidiu de outro modo e mandou que se procedesse ao encerramento total da fronteira a 13 de Agosto de 1961. Imune ao facto de tantas famílias, como o próprio país, se verem assim divididas, o governo da RDA declarou tratar-se de "uma protecção anti-fascista contra as agressões do Ocidente".
O Muro de Berlim corria ao longo de mais de 140 km e conheceu quatro versões: arame farpado em 1961, arame farpado reforçado entre 1962 e 1965, cimento entre 1965 e 1975 e cimento reforçado entre 1975 e 1989, aquando da sua demolição, ainda que com parcelas mais frágeis, propositadamente construídas para a eventualidade de tanques e exércitos de Leste terem que cruzar a fronteira em caso de guerra. Em 1962, foi acompanhado por um "gémeo" a cerca de 100 metros do primeiro.
Enquanto existiu e apesar das ordens recebidas pelos soldados da RDA de atirarem para matar (algo negado e mais tarde confirmado), inclusive sobre mulheres e crianças, cerca de cinco mil alemães do Leste lograram ultrapassar o Muro com sucesso.
A 12 de Junho de 1987, o presidente norte-americano Ronald Reagan exortou, num discurso pronunciado junto às Portas de Brandeburgo, Gorbachev, entretanto ocupado a transformar a União Soviética a partir do interior, a "deitar abaixo o Muro". Líderes ocidentais como a conservadora britânica Margaret Thatcher e o socialista francês François Miterrand, opunham-se, receosos do poder de uma Alemanha reunificada.
A data geralmente aceite para a demolição do Muro de Berlim é 9 de Novembro de 1989. No entanto, a total destruição da barreira durou semanas, com a intensa participação dos berlinenses, então apelidados "pica-paus de muros". Actualmente, Berlim é de novo a capital da Alemanha reunificada e inúmeros pontos do "muro da vergonha" que assinalava a força da "cortina de ferro" podem ser visitados.

Berlinenses colaborando para deitar abaixo o Muro

Imagens de: www.historiadomundo.com.br e www.ionline.pt.

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