terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dia de S. Valentim

São Valentim (apesar de haver várias versões, como é uso suceder nestas coisas antigas) terá sido um mártir cristão que deu a vida pelo amor - daí a sua ligação ao Dia dos Namorados. Terá sido mandado decapitar pelo rei romano Cláudio, em 269, pelo facto de celebrar casamentos de soldados romanos que, aparentemente, se encontravam proibidos de contrair matrimónio. Em 496, o Papa Gelásio decidiu que se deveria passar a homenageá-lo a 14 de fevereiro de cada ano. 


E como se celebra o Dia dos Namorados - de São Valentim - em diferentes partes do mundo?
Em Portugal, como todos sabemos, é hábito a oferta de flores, cartões e outras prendas, assim como é costume o homem convidar a sua apaixonada para um jantar recatado, se possível à luz das velas.
No Reino Unido, é hábito a oferta de versos de amor, por vezes sonetos, originais. Dispensa-se a técnica de um Shakespeare, o importante é mesmo o sentimento. Também no Reino Unido, adultos e principalmente crianças têm o hábito de entoar canções românticas, sendo estas últimas recompensadas com doces e brinquedos. Existe igualmente a crença de que as jovens casadoiras devem ir à janela mal despertem, uma vez que o primeiro homem que virem será o homem da sua vida. Considerando-se, enfim, esta data como augúrio do fim do inverno e início da primavera, reza a tradição que é neste dia que as aves acasalam, razão pela qual em certas partes do Reino Unido se celebra o "Dia do casamento das aves".
França tinha uma tradição, agora proibida: a loterie d'amour. Os jovens iam de casa em casa até encontrarem aquela que seria o seu par ideal. As jovens recusadas acendiam uma grande fogueira onde queimavam imagens dos homens por quem tinham sido rejeitadas, ao mesmo tempo que os insultavam e amaldiçoavam. A ideia da oferta de cartões do Dia dos Namorados, as cartes d'amitiés, também parece ter tido origem em França: prisioneiro na Torre de Londres após a sua captura, em 1415, na batalha de Agincourt, o Duque de Orleães, terá enviado inúmeras cartas e múltiplos poemas de amor à sua esposa, em França, tendo assim dado início à tradição.
Espanha também é país para jantares românticos entre pares amorosos, com ofertas de prendas, flores e cartões. A Catalunha, região autónoma do país vizinho, tem, entretanto, uma tradição muito própria: o dia de S. Jorge, comemorado a 23 de abril em honra do cavaleiro que terá matado um temível dragão para salvar a sua amada. Nesse dia, é hábito a oferta de livros entre namorados, tradição que parece ligar-se ao facto do dramaturgo e poeta britânico William Shakespeare ter falecido nesse dia em 1616, um dia precisamente depois do grande homem de letras espanhol Miguel de Cervantes nos ter, também ele, deixado.
Por fim, apesar de os alemães não serem geralmente tidos por muito românticos, são-no efetivamente, principalmente no que toca a este dia, o Valentistag, data que só após a Segunda Guerra Mundial passou a ser celebrada de modo mais comercial e exclusivamente entre adultos. Tal como em outros países, oferecem-se prendas, cartões e chocolates especialmente concebidos para o 14 de fevereiro. A adição de um porquinho à parafernália amorosa é, entretanto, uma particularidade germânica... Não é difícil depararmos com figuras de porquinhos oferecendo flores e ainda de outros, exibindo poses provocatórias em corações de chocolate. Símbolos da sorte e igualmente da luxúria, estes porquinhos chocolateiros são frequentemente encontrados segurando trevos de quatro folhas enquanto sobem uma pequena escada até ao coração de chocolate - diz-se que trarão boa sorte ao casal que os adquirir.
Posto tudo isto, bom dia de São Valentim e não se esqueçam que a cultura também perpassa o amor.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Almada Negreiros e Fernando Pessoa

Nascido em Trindade, a 7 de Abril de 1893, e falecido em Lisboa, a 15 de Junho de 1970, Almada Negreiros foi pintor, poeta, dramaturgo e romancista e uma das maiores e mais longevas figuras do Modernismo português.
Tendo passado parte da infância em São Tomé e Príncipe, então colónia portuguesa, veio a estudar, mais tarde, num colégio Jesuíta, em Lisboa.
Em 1913 organizou a sua primeira exposição individual com 90 desenhos, onde conheceu Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, com quem viria a colaborar na revista Orpheu. Foi esta mesma publicação, ousada para a época, que levou uma respeitada figura da intelectualidade de então, Júlio Dantas, a afirmar ser feita por "gente sem juízo". Em resposta, Almada escreveu e publicou o Manifesto Anti-Dantas, que deu brado e ficou para a história. Rezava assim: "Uma geração que consente em deixar-se representar por um Dantas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos, e só pode parir abaixo de zero! Abaixo a geração! Morra o Dantas, morra! Pim!"
Viveu em Paris durante o ano de 1917 e, depois de um regresso a Portugal, mudou-se para Espanha em 1927. Influenciado pelo Futurismo, declarou-se apoiante de Salazar e compôs diversas obras para o regime, mesmo se este, com as limitações intelectuais que o caraterizavam, basicamente desprezava a sua real importância para a cultura nacional.
Foi em 1954 que, postumamente, criou aquele que será provavelmente o mais conhecido retrato de Fernando Pessoa. E quando, em 1970, veio a falecer de paragem cardíaca no Hospital de São Luís dos Franceses, foi precisamente no mesmo hospital onde Pessoa falecera muitos anos antes. É de Pessoa que nos fala no vídeo que seguidamente vos apresentamos...