São Valentim (apesar de haver várias versões, como é uso suceder nestas coisas antigas) terá sido um mártir cristão que deu a vida pelo amor - daí a sua ligação ao Dia dos Namorados. Terá sido mandado decapitar pelo rei romano Cláudio, em 269, pelo facto de celebrar casamentos de soldados romanos que, aparentemente, se encontravam proibidos de contrair matrimónio. Em 496, o Papa Gelásio decidiu que se deveria passar a homenageá-lo a 14 de fevereiro de cada ano.
E como se celebra o Dia dos Namorados - de São Valentim - em diferentes partes do mundo?
Em Portugal, como todos sabemos, é hábito a oferta de flores, cartões e outras prendas, assim como é costume o homem convidar a sua apaixonada para um jantar recatado, se possível à luz das velas.
No Reino Unido, é hábito a oferta de versos de amor, por vezes sonetos, originais. Dispensa-se a técnica de um Shakespeare, o importante é mesmo o sentimento. Também no Reino Unido, adultos e principalmente crianças têm o hábito de entoar canções românticas, sendo estas últimas recompensadas com doces e brinquedos. Existe igualmente a crença de que as jovens casadoiras devem ir à janela mal despertem, uma vez que o primeiro homem que virem será o homem da sua vida. Considerando-se, enfim, esta data como augúrio do fim do inverno e início da primavera, reza a tradição que é neste dia que as aves acasalam, razão pela qual em certas partes do Reino Unido se celebra o "Dia do casamento das aves".
França tinha uma tradição, agora proibida: a loterie d'amour. Os jovens iam de casa em casa até encontrarem aquela que seria o seu par ideal. As jovens recusadas acendiam uma grande fogueira onde queimavam imagens dos homens por quem tinham sido rejeitadas, ao mesmo tempo que os insultavam e amaldiçoavam. A ideia da oferta de cartões do Dia dos Namorados, as cartes d'amitiés, também parece ter tido origem em França: prisioneiro na Torre de Londres após a sua captura, em 1415, na batalha de Agincourt, o Duque de Orleães, terá enviado inúmeras cartas e múltiplos poemas de amor à sua esposa, em França, tendo assim dado início à tradição.
Espanha também é país para jantares românticos entre pares amorosos, com ofertas de prendas, flores e cartões. A Catalunha, região autónoma do país vizinho, tem, entretanto, uma tradição muito própria: o dia de S. Jorge, comemorado a 23 de abril em honra do cavaleiro que terá matado um temível dragão para salvar a sua amada. Nesse dia, é hábito a oferta de livros entre namorados, tradição que parece ligar-se ao facto do dramaturgo e poeta britânico William Shakespeare ter falecido nesse dia em 1616, um dia precisamente depois do grande homem de letras espanhol Miguel de Cervantes nos ter, também ele, deixado.
Por fim, apesar de os alemães não serem geralmente tidos por muito românticos, são-no efetivamente, principalmente no que toca a este dia, o Valentistag, data que só após a Segunda Guerra Mundial passou a ser celebrada de modo mais comercial e exclusivamente entre adultos. Tal como em outros países, oferecem-se prendas, cartões e chocolates especialmente concebidos para o 14 de fevereiro. A adição de um porquinho à parafernália amorosa é, entretanto, uma particularidade germânica... Não é difícil depararmos com figuras de porquinhos oferecendo flores e ainda de outros, exibindo poses provocatórias em corações de chocolate. Símbolos da sorte e igualmente da luxúria, estes porquinhos chocolateiros são frequentemente encontrados segurando trevos de quatro folhas enquanto sobem uma pequena escada até ao coração de chocolate - diz-se que trarão boa sorte ao casal que os adquirir.
Posto tudo isto, bom dia de São Valentim e não se esqueçam que a cultura também perpassa o amor.