Dizer-se que algo é uma "verdade de La Palice" para significar que algo é óbvio, como "branco é, galinha o põe", é comum. Mas quem foi La Palice e de onde surgiu tal dito?
Jacques de La Palice nasceu em La Palisse, no Auvergne (ou Arverne), em França, corria o ano de 1470. Com a idade de 15 anos entrou ao serviço do rei Charles VIII, então com a mesma idade (a noção de "criança" era, então, certamente diferente da actual) e teve a sua primeira batalha em Saint-Antoine-du-Cormier em 1488.
Comandante de exércitos, vitorioso, derrotado, seriamente ferido em batalha, negociador diplomático, prisioneiro, exilado ou semi-exilado e readmitido com todas as honras, esteve ao lado de reis como Louis XII e François I. Em fevereiro de 1525, porque "quem vai à guerra dá e leva" - verdade de La Palice, foi capturado pelos alemães da Landsknechts e executado pouco mais tarde.
No seu epitáfio pode ler-se: "Ci gît Monsieur de La Palice: si il n'était pas mort, il ferait encore envie". Ou seja: "Aqui jaz o Senhor de La Palice: se não tivesse morrido ainda causaria inveja". O certo é que esta mensagem derradeira foi, deliberada ou acidentalmente, mal traduzida para: "(...): si il n'était pas mort, il serait encore en vie", o que, traduzido dá: "(...): se não tivesse morrido ainda estaria vivo". Uma realidade óbvia. Estas palavras foram introduzidas numa canção satírica popular do século XVI, tendo-se-lbes somado outras como "deux jours avant sa mort/il était encore en vie" (dois dias antes da sua morte/ainda estava vivo) ou "et quand il était tout nu/il n'avait pas de chemise" (e quando estava inteiramente nu/não usava camisa). Com o correr dos tempos e o acrescentar de ditos satíricos baseados no epitáfio original, Bernard de la Monnoye reuniu cinquenta dos melhores exemplos e publicou-os enquanto canção burlesca, já no decurso do século XVIII.
E aí está como surgiu a frase "verdade de La Palice", mau grado o próprio e a sua vida. Agora já sabem!
Sem comentários:
Enviar um comentário